ROMA,
9 Out (Reuters) - Uma em cada oito pessoas no mundo está cronicamente desnutrida,
disseram as agências alimentares da ONU nesta terça-feira, alertando que o
progresso na redução da fome desacelerou desde 2007/08, quando uma alta nos
preços gerou protestos em vários países pobres.
Em
seu novo relatório sobre segurança alimentar, as agências da ONU estimaram que
868 milhões de pessoas passaram fome entre 2010 e 2012, ou cerca de 12,5 por
cento da população. Isso é bem menos do que a estimativa anterior, de 1 bilhão
de pessoas (18,6 por cento) no período 1990-92.
"Essa
é uma notícia melhor do que tivemos no passado, mas ainda significa que uma
pessoa a cada oito passa fome. Isso é inaceitável, especialmente quando vivemos
em um mundo de abundância", disse o brasileiro José Graziano da Silva,
diretor-geral da Organização de Alimentação e Agricultura da ONU (FAO).
"A
maior parte do progresso na redução da fome foi feita até 2006, já que os
preços alimentícios continuavam caindo. Com a alta nos preços alimentícios e a
crise econômica que se seguiu, houve muito menos avanços", alertou.
Os
preços dos alimentos têm tido alta nos últimos meses, em consequência da seca
nos EUA, Rússia e outros grandes exportadores. A FAO prevê que os preços
permaneçam próximos do que foi registrado durante a crise de 2008.
Mas
Graziano disse que o mundo ainda pode alcançar a Meta de Desenvolvimento do
Milênio, estabelecida em 2000, que prevê reduzir à metade a desnutrição nos
países em desenvolvimento até 2015. Para isso, no entanto, serão necessários
esforços para reverter a desaceleração no progresso.
Uma
ampla recuperação econômica, especialmente no setor agrícola, será crucial para
uma continuada redução da fome, segundo o relatório da FAO, do Programa Mundial
de Alimentos e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
"O
crescimento agrícola envolvendo pequenos proprietários rurais, especialmente
mulheres, será mais eficaz na redução da pobreza extrema e da fome quando gerar
emprego para os pobres", disseram as organizações.
O
relatório criticou o aumento da demanda por biocombustíveis (que tomam espaço
de cultivos alimentícios), a especulação financeira nos mercados de alimentos e
os gargalos na oferta e distribuição de alimentos, levando ao desperdício de
quase um terço da produção.
Nas
últimas duas décadas, a fome caiu quase 30 por cento na Ásia e no Pacífico,
graças a avanços sócio-econômicos. A África foi a única região onde o número de
famintos cresceu no período, de 175 milhões em 1990-92 para 239 milhões em
2010-12.
Analistas
da FAO e do Programa Mundial de Alimentos disseram que as novas cifras refletem
ajuste no tamanho da população e na altura média das pessoas, além de levarem
em conta uma avaliação mais detalhada da disponibilidade alimentar e dos
desperdícios na cadeia de distribuição.
Fonte:
Por Catherine Hornby | Reuters
Foto: facebook.com
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