terça-feira, 29 de dezembro de 2015

COMBATE AO AEDES: Ministério da Saúde alerta viajantes para eliminação dos criadouros

Todos devem adotar as medidas de prevenção em casa para evitar a proliferação do mosquito antes de sair de férias. Essas ações ganham ainda o reforço de mais de 266 mil agentes comunitários de saúde de todo o país.

As medidas de combate ao Aedes aegypti devem ser reforçadas nas férias e festas de fim de ano, período marcado por chuvas em muitos estados do país e com maior circulação de pessoas. Para reforçar a importância de eliminar os focos do mosquito, o Ministério da Saúde recomenda aos viajantes que, antes de saírem de suas casas, façam uma vistoria para eliminar os recipientes que possam acumular água parada e servir como criadouro do mosquito.

“Se hoje não temos uma vacina para o Zika, chikungunya ou dengue, ou alguma tecnologia inovadora pronta para ser utilizada imediatamente, a ação mais efetiva é eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti. Por isso, é importante fazer um grande apelo à sociedade: antes de sair de férias, descarte corretamente latas, garrafas, embalagens de presentes, todo e qualquer recipiente que possa acumular água parada. Casa vazia não pode servir de criadouro do mosquito. Dessa maneira, com a ajuda de governos federal, municipal e toda a população, vamos fazer uma grande mobilização nacional para combater o mosquito”, reforçou o secretário de Vigilância em Saúde, Antônio Nardi.

O ciclo de reprodução do mosquito, do ovo à forma adulta, pode levar de 5 a 10 dias. Por isso, mesmo em uma viagem curta, é preciso estar atento. Um balde esquecido no quintal ou um pratinho de planta na varanda do apartamento, após uma chuva, podem facilmente se tornar um foco do mosquito e afetar toda a vizinhança. É importante verificar se a caixa d’água está vedada, a calha totalmente limpa, pneus sem água e em lugares cobertos, garrafas e baldes vazios e com a boca virada para baixo, entre outras pequenas ações que podem evitar o nascimento do mosquito.

Os ovos do mosquito podem ficar aderidos às laterais internas e externas dos recipientes por até um ano sem água. Se durante este período os ovos entrarem em contato com água, o ciclo evolutivo recomeça e, consequentemente a transmissão. Por isso, é necessário lavar os recipientes com água e sabão, utilizando uma bucha. Não importa se você mora em casa ou apartamento, o mosquito Aedes aegypti pode encontrar um recipiente com água parada para depositar os ovos e se reproduzir. São suficientes 15 minutos por semana para fazer a vistoria em toda casa e eliminar todos os possíveis focos do mosquito.

O secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, reforçou a importância da manutenção das doações de sangue, especialmente para a permanência dos estoques de todo o País, em particular no período de férias, quando há maior demanda por transfusões. O secretário também destacou as recomendações para triagem clínica dos possíveis doadores nos hemocentros, com a intensificação das perguntas sobre a ocorrência de doenças recentes e sintomas que possam indicar infecção, inclusive pelo vírus Zika.

O Ministério da Saúde, além do reforço do questionário, orienta ainda que os doadores não deixam de informar, até sete dias depois, de ocorrência de sintomas que possam indicar alguma doença para a busca ativa de informações clínicas e laboratoriais de possíveis receptores. “O Ministério da Saúde está agindo preventivamente, reforçando as orientações aos hemocentros e pedindo para a população continuar com as doações de sangue, principalmente nessa época do ano quando ocorre uma tendência de queda nas doações”, ressaltou Beltrame.

AGENTE COMUNITÁRIO – As ações de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti e o cuidado com os criadouros do mosquito ganham, em todo o país, o reforço de mais de 266 mil agentes comunitários de saúde. Os profissionais se juntam aos 43.920 agentes de combate às endemias que já realizam o serviço junto à comunidade. A portaria com a inclusão das novas atribuições foi publicada no Diário Oficial da União desta semana.
A medida intensifica as ações relacionadas a vigilância à saúde das equipes de atenção básica prevista na Política Nacional de Atenção Básica. A portaria prevê o esforço das equipes de saúde em trabalhar a educação em saúde na população, além de mobilizar a participação da comunidade no controle social. Entre as ações, estão visitas domiciliares para verificar situações de risco para a dengue, malária, leishmaniose e outras doenças.

MICROCEFALIA – Nesta terça-feira (22), o Ministério da Saúde atualizou os dados de microcefalia relacionados à infecção pelo vírus Zika. De acordo com o novo Boletim Epidemiológico, foram notificados 2.782 casos suspeitos da doença e 40 óbitos, até 19 de dezembro. Esses casos estão distribuídos em 618 municípios de 20 Unidades da Federação.

A investigação dos casos de microcefalia relacionados ao vírus Zika é feito em conjunto com gestores de Saúde de estados e municípios. Equipes técnicas de investigação de campo do ministério da Saúde estão trabalhando nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Ceará. Atualmente, a circulação do Zika é confirmada por meio de teste PCR, com a tecnologia de biologia molecular. A partir da confirmação em uma determinada localidade, os outros diagnósticos são feitos clinicamente, por avaliação médica dos sintomas.

O Ministério da Saúde capacitou mais 11 laboratórios públicos para realizar o diagnóstico de Zika. Contando com as cinco unidades referência no Brasil para este tipo de exame, já são 16 centros com o conhecimento para fazer o teste. Nos dois próximos meses, a tecnologia será transferida para mais 11 laboratórios, somando 27 unidades preparadas para analisar 400 amostras por mês de casos suspeitos de Zika em todo o país.

MOBILIZAÇÃO NACIONAL – Para a execução das ações do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, foi instalada a Sala Nacional de Coordenação e Controle para o Enfrentamento à microcefalia. O objetivo é intensificar as ações de mobilização e combate ao mosquito Aedes aegypti. Também serão instaladas salas estaduais, que contarão com a presença de representantes do Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência Social, Defesa Civil e Forças Armadas.
Atualmente, estão implantadas salas em 18 unidades da federação: Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Ceará. Outros quatro estados estão em fase de implantação da sala: Pará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e São Paulo. Os demais serão orientados pelo Ministério da Saúde para a implantação das salas.

LARVICIDAS – O Ministério da Saúde enviou, este mês, larvicida aos estados do Nordeste e Sudeste, o suficiente para tratar um volume de água equivalente a 3.560 piscinas olímpicas. São mais 17,9 toneladas do produto utilizado para eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti. O quantitativo é suficiente para proteger 8,9 bilhões de litros de água e corresponde à demanda apresentada pelas próprias Secretarias Estaduais de Saúde, levando em consideração a situação epidemiológica local e o histórico de consumo.
Em 2015, no total foram enviadas 114,4 toneladas de larvicida para todo o país, quantidade suficiente para o tratamento de 57,2 bilhões de litros de água.  Para o próximo ano, o Ministério da Saúde já adquiriu mais 100 toneladas do produto, que deverá garantir o abastecimento até junho de 2016, um investimento na ordem de R$ 10 milhões.

 
CASOS COM DIAGNÓSTICO PARA MICROCEFALIA RELACIONADA AO VÍRUS ZIKA
UF
TOTAL NOTIFICADO
MUNICÍPIOS COM CASOS SUSPEITOS
CASOS SUSPEITOS
ÓBITOS SUSPEITOS
DF
11
1
1
GO
40
0
12
MT
78
0
10
MS
3
0
2
AL
114
0
44
BA
271
10
64
CE
127
1
30
MA
88
1
30
PB
429
5
69
PE
1.031
3
150
PI
51
1
21
RN
154
10
42
SE
136
5
40
PA
32
0
8
TO
58
0
27
RS
1
0
1
ES
18
0
10
SP
6
0
6
MG
52
1
33
RJ
82
2
18
Total
2.782
40
618



CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO
NAS 20 UF COM SUSPEITA DO VÍRUS ZIKA em 2015

UF
2010
2011
2012
2013
2014
Pernambuco
7
5
9
10
12
Paraíba
6
2
3
5
5
Rio Grande do Norte
2
2
4
0
1
Sergipe
3
1
2
0
2
Alagoas
3
7
2
3
2
Bahia
12
13
7
14
7
Piauí
1
0
4
4
6
Ceará
8
4
9
5
7
Maranhão
3
2
6
2
2
Tocantins
1
0
1
4
0
Rio de Janeiro
10
15
8
19
10
Goiás
3
4
3
2
3
Distrito Federal
3
3
1
2
2
Mato Grosso do Sul
0
0
1
3
0
São Paulo
25
31
42
43
39
Espírito Santo
2
4
5
4
3
Minas Gerais
20
16
23
13
11
Rio Grande do Sul
0
0
1
3
0
Pará
6
5
11
7
6
Mato Grosso
5
7
2
1
5


CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO NO BRASIL

2010
2011
2012
2013
2014
Brasil
153
139
175
167
147


Por Amanda Mendes, da Agência Saúde 

DENGUE: Nota sobre o registro da primeira vacina

- O governo federal estabeleceu prioridade na análise e pesquisa de novas tecnologias relacionadas ao combate do mosquito Aedes Aegypti e às doenças transmitidas por ele no Brasil – dengue, zika e chikungunya;

- Nesta segunda-feira (28), uma nova etapa dessa busca foi consolidada. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou o registro da vacina contra dengue do laboratório Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda (Dengvaxia - vacina dengue 1, 2, 3 e 4 - recombinante, atenuada). Vale destacar que o produto não protege contra os vírus Chikungunya e Zika;

- A comercialização ainda depende da definição de preço da vacina, tema que será analisado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão interministerial responsável pela definição de preços de medicamentos;

- A decisão de incorporação no SUS (Sistema Único de Saúde) será estudada com prioridade e levará em conta critérios como a relação custo x efetividade, eficácia e população alvo;

- O Ministério da Saúde tem apoiado e acompanhado o desenvolvimento de novas tecnologias para o combate ao Aedes Aegypit e aos vírus transmitidos pelo mosquito. No dia 11/12, por exemplo, a Anvisa aprovou o início de estudos da  fase III da vacina contra dengue do Instituto Butantan. A Fiocruz  também realiza pesquisa sobre vacinas contra dengue, além de outros laboratórios internacionais.

- O Ministério da Saúde reforça que, neste momento, somente o combate ao mosquito Aedes Aegypti é eficiente contra a multiplicação dos casos de dengue, Chikungunya e Zika.

FONTE: Ministério da Saúde

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"AS MÃES BRASILEIRAS PRECISAM SER ORIENTADAS A NÃO ENGRAVIDAR NESTE PERÍODO"





Najla Passos









EBC
O Brasil pode estar sendo palco da manifestação de um vírus capaz de incapacitar um número sem precedentes de brasileirinhos. Informe epidemiológico divulgado nesta terça (24) pelo Ministério da Saúde (MS) atesta que já são 739 casos notificados de microcefalia em recém-nascidos de 160 municípios de nove estados brasileiros do nordeste e centro-oeste. Na semana passada, eram 399.

As causas do problema parecem ser complexas e ainda estão sendo investigadas pelas autoridades sanitárias. Mas há fortes suspeitas de que estejam relacionadas à entrada em circulação no país do Zika vírus, transmitido pelo aedes aegypti, aquele mosquito velho conhecido dos brasileiros por conta da dengue.

É um quadro grave que, na avaliação de um dos maiores patologistas do país, o médico, professor da USP e pesquisador de Harvard, Paulo Saldiva, precisa ser tratado com a seriedade que a situação requer. “As mães brasileiras precisam ser orientadas a, se possível, não engravidar neste período”, alerta ele.

Entretanto, o que se vê, na avaliação dele, é um ministro da Saúde que abusa da cautela enquanto apura melhor as causas do problema e parece esperar uma intervenção divina. Na imprensa, o assunto é tratado com um distanciamento que quase chega a configurar total invisibilidade.

Na dúvida, o melhor é agir

Conforme Saldiva, a microcefalia pode ser decorrente de fatores diversos, que vão desde agentes contaminantes ambientais, como verificado, por exemplo, após o desastre radiativo em Cubatão, até deficiências nutricionais, como a de vitamina B-12 ou de ácido fólico, passando por infecções virais que a gestante contrai, como pode ser o caso do Zika vírus. Era, até então, considerado um problema de incidência relativamente rara no país, embora grave. Em 2014, foram 147 casos notificados no país inteiro. Em 2013, 167.

“A microcefalia é um evento relativamente raro, mas muito incapacitante. A cabeça fica pequena porque o cérebro não cresceu. Então, há um prejuízo no desenvolvimento cerebral. E a pessoa vai ter várias sequelas: convulsões frequentes, retardo cognitivo, surdez, problemas motores. Dependendo da região do cérebro que não ficou legal, essas pessoas vão necessitar de acompanhamento para a vida inteira”, esclarece.

Por isso, Saldiva defende que, ainda que as autoridades públicas ainda não tenham certeza de que a causa é virótica, a hora é de agir. “Como não existe vacina e nem tratamento para o Zika, a única possibilidade de conter o avanço da microcefalia, se a causa for mesmo o vírus, é pedir as mães que evitem engravidar e, se já estiverem grávidas, que evitem ter contato com pessoas com suspeita de dengue ou mesmo com o mosquito transmissor. Na dúvida se a causa é ou não o Zika vírus, o melhor a se fazer é trata-lo como se fosse”, aconselha.

O nó da saúde pública no Brasil

O patologista avalia que a saúde pública no Brasil vai bem, mas só até determinado ponto, que é a atenção primária e a vigilância epidemiológica. Nos últimos anos, segundo ele, todos os indicadores melhoraram: a mortalidade materna caiu, a infantil idem, a expectativa de vida aumentou, a distribuição de remédios para diabetes e hipertensão fez a diferença. O médico acrescenta que o Programa Saúde da Família, no geral, é uma experiência exitosa que, inclusive, facilita a vigilância epidemiológica.

Ele lembra que, recentemente, o Brasil identificou o vírus da poliomielite entrando no Aeroporto de Cumbica e conseguiu agir muito rápido. As novas ocorrências de febre amarela também foram contidas, porque, em ambos os casos, a vigilância epidemiológica detectou logo o problema e havia vacinas para fazer a contenção.

Um possível surto de microcefalia por transmissão do Zika Vírus é grave porque foge deste padrão. “O nó da nossa saúde pública é esse: se a pessoa fica doente mesmo e precisa de uma medicina intervencionista ou sofisticada de diagnóstico, aí não tem para todo mundo”, avalia.

Hipóteses teóricas

Segundo ele, o Registro Nacional de Nascidos Vivos exige notificação compulsória das más formações congênitas. E isso possibilitou que fosse descoberto, infelizmente à posteriori, um aumento de casos de microcefalia em Pernambuco. Um aumento bastante expressivo, especialmente nos lugares em que o Zika vírus havia circulado. Entretanto, não há registro na literatura médica de microcefalia causada pelo Zika, o que dificulta ainda mais o diagnóstico do quadro brasileiro.

“O Zika tem duas variantes: um vírus que é africano e outro que vem da Oceania, com diferentes graus de agressividade. Mas em nenhum dos lugares onde ele foi notificado, há associação com a microcefalia. Então, como se explicar o que ocorre no Brasil? Uma possibilidade teórica é a associação com algum fator nutricional, como falta de vitamina B-12 ou ácido fólico, mas não me consta que na África ou na Oceania as condições nutricionais sejam melhores do que no nordeste brasileiro”, pondera.

Segundo ele, outra possibilidade é que, como a taxa de mortalidade infantil é pequena no Brasil, e na África existe grande número de abortamento e mortalidade alta, o país pode ter sido o primeiro a conseguir identificar a associação. “A hipótese é a de que, pela primeira vez, o Zika circulou em um país capaz de detectar sua associação com a microcefalia”, explica. A terceira hipótese teórica, de acordo com Saldiva, é que a causa seja um outro vírus que esteja circulando junto com o Zika.

De acordo com o médico, o pior quadro para o país é que seja mesmo o Zika o responsável pela doença.  “Se for o Zika, nós teremos um grande problema, porque o vírus circulou muito pelo país e, aí, a microcefalia pode se espalhar para todas as regiões”, adverte.

O ministro errado na hora errada

Paulo Saldiva afirma que a postura do ministro da Saúde, Marcelo Castro, em nada tem contribuído para a solução do problema. Segundo ele, Castro tem evitado falar publicamente sobre o assunto e, quando o fez, falou besteira. No último dia 18, o ministro declarou à imprensa que “sexo é para amadores, gravidez é para profissionais”, dando a entender que, se a gestante procurar o médico e fizer o pré-natal, seus problemas estarão resolvidos.

Na opinião do professor da USP, isso é uma inverdade que dificulta ainda mais a conscientização da população quanto à gravidade do momento. “Ele traduziu aquela posição equivocada de que, se a gestante for ao médico, qualquer problema estará resolvido. E para a microcefalia não tem jeito. Não existe alternativa terapêutica. Aliás, muitas coisas em saúde pública não dependem do médico. Esgoto não depende de médico. Mobilidade com sedentarismo não depende de médico. Então, eu acho que o ministro não entende muito disso e está lá por algum outro motivo”, critica.

O médico, entretanto, elogia a iniciativa da Vigilância Epidemiológica de decretar Estado de Emergência em Saúde. “Com isso você destrava um pouco a burocracia para determinar exames, importar insumos e não passar por aquele monte de travas que foram colocadas para se evitar desvio de dinheiro. Mas eu não vi ainda uma coisa que considero importante, que seria um mapa de onde circulou o Zika no Brasil. Nós estamos em uma posição meio paralisada porque não sabemos onde o vírus circulou, quais os testes já realizados e nem mesmo o que tem na lama da Samarco”, critica.

Segundo ele, a impressão que se tem é que há duas cabeças pensando o problema – a do corpo técnico do ministério e a do ministro. E a dominante é a última, que não quer causar problema nenhum dentro de um país que já sofre com muitos problemas econômicos e políticos.

“A cautela tem limites. Ao contrário da dengue que causa uma febre, mas a taxa de mortalidade é muito baixa, a microcefalia implica em um grupo de crianças que vai nascer com necessidades especiais, ou necessitando de cuidados especiais, durante a vida inteira. E dependendo do contingente social em que essas mães estejam, a capacidade de provimento social para essas crianças será muito baixa. É um dano permanente”, reforça.

Informação já

O médico patologista acredita que a imprensa também precisa tratar o problema com mais seriedade, principalmente considerando que o ministro da Saúde ainda não cumpriu seu papel de publicar informes nos jornais ou convocar uma rede nacional de rádio e televisão para alertar as gestantes brasileiras. Tratar o assunto de forma protocolar, com distanciamento, não pode ser uma opção para a mídia.

“O que eu vejo aqui nas rádios e nos jornais aqui em São Paulo, que é um centro de reação ao governo, é que parecem existir dois brasis: um que fica discutindo se o Eduardo Cunha vai ser cassado, se o impeachment vai virar, se o Levy cai ou não cai, e o Brasil real, do cara que perdeu o emprego, da mãe que não sabe se pode engravidar, do pai que não consegue colocar o cara na escola. É como se houvesse uma fratura do real problema de um país em relação ao do outro”, observa.

Não ao preconceito

O patologista também alerta que, embora os primeiros casos do Zika vírus tenham sido identificados na África e na Oceania, e chegado ao Brasil através do Caribe, não faz nenhum sentido tratar os imigrantes com preconceito, em especial os haitianos. Segundo ele, é até possível que algum imigrante tenha trazido o vírus, mas a grande migração de brasileiros para o Caribe também influi no contexto. E de forma definitiva.

“Muitos dos portadores do Zika foram combatentes de Força de Paz no Haiti, Há também um contingente grande de brasileiros que passa férias no Caribe, em diferentes países. Não faz sentido culpar a parte mais fraca. Pra variar, estamos fazendo o mesmo de sempre: culpando quem não tem responsabilidade pelo problema”, registra.

Reproduzido de Carta Maior: http://cartamaior.com.br/

terça-feira, 24 de novembro de 2015

MICROCEFALIA ATINGE 739 RECÉM-NASCIDOS DE 9 ESTADOS

Segundo o Ministério da Saúde, os casos suspeitos de microcefalia em recém-nascidos foram registrados nos estados de PE, que lidera com 487 casos, PB, SE, RN, PI, AL, CE, BA e GO; entre esses casos, há uma morte que pode estar relacionada à microcefalia, de acordo com o ministério. O caso está em investigação; segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, pesquisadores afirmam que é acima de 90% a probabilidade dos casos estarem ligados ao vírus Zika, transmitido pelo mosquito da dengue.

O número de casos suspeitos de microcefalia em recém-nascidos de oito estados da Região Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Ceará e a Bahia) e de Goiás chegou a 739 neste ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Esses estados nordestinos têm registrado aumento significativo no número de casos de microcefalia em relação aos anos anteriores. A notificação de Goiás foi a primeira fora do Nordeste. No ano passado, em todo o país, foram registrados 147 casos de microcefalia.
O maior número de casos está em Pernambuco (487), primeiro estado a identificar aumento de microcefalia na região. Em 2014, Pernambuco registrou 12 casos. Em seguida, estão a Paraíba (96), Sergipe (54), o Rio Grande do Norte (47), o Piauí (27), Alagoas (dez), o Ceará (nove), a Bahia (oito) e Goiás (um). Entre esses casos, há uma morte que pode estar relacionada à microcefalia, de acordo com o ministério. O caso está em investigação.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que, desde o início da notificação do aumento no número de casos de microcefalia, pesquisadores analisam a hipótese de relação da doença com a infecção pelo vírus Zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue.
"Pesquisadores, desde o início, estão estabelecendo uma correlação positiva entre a microcefalia e o vírus Zika", disse o ministro, em entrevista a jornalistas. "O que os pesquisadores estão dizendo é que podemos afirmar com segurança que é acima de 90% a probabilidade de ser verdadeiramente o Zika. Há pesquisadores que chegam a dizer que há 99,5% de certeza que é o Zika vírus. Se tivéssemos uma literatura internacional que nos respaldasse, não tinha nenhum problema. O problema é que tudo que está acontecendo no Brasil é inédito. No mundo todo, não há um caso de epidemia de Zika nem de surto de microcefalia como está acontecendo no Brasil", completou.
Segundo o ministro, a hipótese foi reforçada por análises da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Exames de laboratório constataram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba cujos fetos foram confirmados com microcefalia por meio de exames de ultrassonografia. O material genético do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico.
O Ministério da Saúde analisa e investiga esse aumento dos casos de microcefalia em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de Saúde e instituições nacionais e internacionais. Recentemente, o ministério declarou emergência em saúde pública de importância nacional para dar maior agilidade às investigações sobre a elevação do número de casos.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 centímetros.
Por Yara Aquino, da Agência Brasil 

sábado, 17 de outubro de 2015

AUMENTO DO NÚMERO DE CASOS DE SÍFILIS PREOCUPA ESPECIALISTAS

Uma epidemia silenciosa de sífilis avança no Brasil, e o mais preocupante é que grande parte dos infectados não sabe que está transmitindo a doença para outras pessoas. Segundo o infectologista José Valdez Madruga, a enfermidade tem uma característica peculiar: três semanas após a contaminação surge uma lesão ulcerativa na genitália do infectado – na região do freio ou frênulo do prepúcio, nos homens, e no encontro dos pequenos lábios, nas mulheres – que some espontaneamente depois de alguns dias, dando a falsa impressão de cura.
“A maioria das pessoas não tem noção de que está contaminada, pois após o desaparecimento das lesões, os sintomas não são muito visíveis. Podem surgir manchas vermelhas na pele, mas muitas vezes o paciente não as associa à doença. Na verdade, ele só vai descobrir se for ao médico e lhe for solicitado um exame de sangue específico”, informa. 
A situação é bastante grave, principalmente no estado de São Paulo, onde o número de adultos contaminados aumentou, em seis anos, mais de 600%, segundo estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde. Aproximadamente sete pessoas são infectadas diariamente pela bactéria Treponema pallidum, que causa a sífilis.
Nos casos das mulheres grávidas, o aumento também foi grande. O número de infectadas saltou de 1.863, em 2005, para 21.382, em 2013, alta que equivale a mais de 1.000%.
“As pessoas precisam saber que também é possível contrair a doença por meio do sexo oral e anal”, completa Madruga.
Segundo o médico sanitarista Artur Kalichman, do Programa Estadual DST/Aids do Estado de São Paulo, o aumento tem alguns motivos específicos, como o fato de a enfermidade ter passado a entrar na lista de notificações compulsórias desde 2010. Ou seja, a cada novo caso diagnosticado, a secretaria do município precisa informar as autoridades. Antes, era obrigatória apenas a notificação de casos de grávidas e recém-nascidos com a doença.
“Mas, de fato, está acontecendo um aumento no número de casos. Um dos motivos possíveis é que as pessoas deixaram de usar preservativos nas relações sexuais. Outra questão que pode contribuir para isso é que elas não estão procurando os serviços de saúde como deveriam, não estão tendo acesso ao tratamento. Ou então os profissionais não estão sabendo abordar os pacientes de forma correta quando eles chegam às unidades de saúde”, destaca Kalichman.
Grande parte das pessoas não usa camisinha porque acredita que a Aids se tornou uma doença tratável, crônica (veja mais aqui). “Mas não se pega apenas Aids  nas relações sexuais desprotegidas. Há outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e gonorreia“, alerta o infectologista José Valdez .
É importante lembrar que a sífilis é altamente curável, mas não gera imunidade. Portanto, é possível se infectar mais de uma vez se não usar preservativo.
Testagens 
Frequentemente, a Secretaria do Estado da Saúde realiza os mutirões com os chamados testes rápidos de HIV e sífilis. Para isso, é necessária apenas uma gota de sangue do dedo. O resultado sai em cerca de 30 minutos e, caso dê positivo, o paciente já é encaminhado imediatamente para o tratamento.
“Mas o teste rápido só é 100% confiável se o resultado for negativo. Se o teste der positivo, o paciente precisa fazer um  teste confirmatório para ter certeza do diagnóstico. Isso ocorre porque se, por exemplo, o paciente já teve sífilis uma vez e foi curado, mesmo assim ele fica com uma cicatriz sorológica. O teste rápido não sabe diferenciar se esse é um caso ativo ou não. Mas já serve para uma primeira triagem”, comenta Artur Kalichman. 
Falta de medicamento
Outro grande problema  é que está em falta no mercado mundial a penicilina benzatina, conhecida como Benzetacil®. O antibiótico é usado para tratar sífilis e outras infecções bacterianas. O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) informa que o desabastecimento de penicilina é um problema mundial e a interrupção do fornecimento dos insumos para a produção foi repentina, o que originou o problema.
Apesar de a benzatina ser um dos medicamentos chefes para tratar a sífilis, é possível substitui-lo por outros antibióticos específicos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a previsão de normalização do abastecimento do medicamento acontecerá nas próximas semanas.
Use camisinha em todas as relações sexuais.


FONTE: Drauzio Varela
Juliana Conte

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Cuidados com a saúde das crianças nas férias

Julho é o período de férias escolares da criançada e por isso é preciso atenção redobrada. Afinal, com bastante tempo livre, os pequenos estão mais suscetíveis a acidentes domésticos. Com os devidos cuidados, até 90% dos acidentes podem ser evitados.

Os acidentes ou lesões não intencionais representam a principal causa de morte de crianças de até 14 anos no Brasil. Além dos traumas, decorrentes de quedas, o contato com produtos de limpeza e materiais inflamáveis pode ser perigoso nos primeiro anos de vida. Só em 2014, mais de 45 mil crianças foram internadas em decorrência de traumas, envenenamento ou queimaduras. A principal dica é manter estas substâncias fora do alcance das crianças, principalmente os venenos, que devem ser armazenados longe de remédios e alimentos.

Medidas simples do dia a dia podem proteger a criança contra queimaduras. Ao cozinhar, por exemplo, o ideal é manter as crianças em outro cômodo sob o cuidado de outro adulto. Dê sempre preferência às bocas da parte de trás do fogão e mantenha o cabo das panelas direcionados para o centro e não para fora. Existe uma trava para impedir que a criança consiga abrir o gás e a porta do fogão que pode ser utilizada. Fósforos, isqueiros e álcool não devem ficar ao alcance delas.

Viagens
 
Em caso de viagens, é importante estar atento a alguns detalhes. Muitas crianças viajam sozinhas neste período do ano. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, em viagens nacionais, os menores de 12 anos desacompanhados precisam de autorização dos pais ou responsável legal para viajar, não importa o veículo de transporte. Já em viagem internacional, a autorização é necessária até os 18 anos.

A psicóloga Josie Oliveira, pela primeira vez, está vivendo a experiência de ter o filho viajando sozinho. Rafael, de 14 anos, foi para a Espanha em uma viagem escolar. “Eu o orientei bastante antes da viagem e nos falamos todos os dias pela internet. A Espanha especificamente não exige vacinas especiais, mas como viajamos outras vezes, ele está sempre com a vacinação em dia”, conta.

Como algumas regiões exigem vacinas específicas, a carteira de vacinação deve ser atualizada antes do inicio das férias. É importante lembrar que para atingir a proteção necessária, cada vacina tem um período que pode variar entre dez dias e seis semanas. Por isso, é importante que a carteira de vacinação seja verificada com antecedência.

A experiência de Rafael está sendo positiva, mas é claro que a mãe tem suas preocupações. “Não dá para controlar tudo que ele faz, mas tenho notado que ele está inclusive, provando alimentos novos, coisa que ele não faz em casa”, disse Josie.

Antes da viagem, o pai, mãe ou responsável legal deve comparecer ao fórum da Infância e Juventude da região, portando RG, CPF e comprovante de residência, além do documento do menor para redigir a autorização. É aconselhável ir com antecedência, pois cada local um tem um prazo para a entrega do documento. É preciso conferir também se a empresa que fará o transporte exige outro documento específico.

Menores de 12 anos não precisam de autorização para viajar com parentes de até terceiro grau, como avós, bisavós, irmãos, tios ou sobrinhos maiores de 18 anos. O menor precisa estar com um documento como RG ou certidão de nascimento. E o acompanhante deve portar documento original com foto que comprove o parentesco. Adolescentes, de 12 a 18 anos, podem viajar sozinhos em território nacional, apresentando apenas a carteira de identidade.

Confira também nas matérias do Blog da Saúde como prevenir acidentes com crianças:

Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde

Entram em vigor novas regras sobre parto na saúde suplementar



Começam a valer a partir do dia 06/07 as novas regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal e reduzir as cesarianas desnecessárias. Com a entrada em vigor da Resolução Normativa nº 368, as operadoras de planos de saúde, sempre que solicitadas, deverão divulgar os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. Também serão obrigadas a fornecer o Cartão da Gestante e a Carta de Informação à Gestante, no qual deverá constar o registro de todo o pré-natal, e exigir que os obstetras utilizem o Partograma, documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto.

“O parto é um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher e de sua família e nós acreditamos que, ao fornecer informações qualificadas à mulher, ao informá-la sobre os riscos que podem ser gerados em decorrência de um procedimento cirúrgico desnecessário, ela estará mais segura na decisão em relação ao seu parto, escolhendo o melhor para sua saúde e a de seu bebê”, afirma o diretor-presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão. “Essa medida é parte de uma estratégia maior da ANS, que busca incentivar o setor – beneficiárias de planos de saúde, operadoras, hospitais e médicos - a mudar o modelo de assistência ao parto e nascimento, promovendo uma crescente melhoria nos cuidados à gestante e à criança”, completa.
O Partograma passa a ser considerado parte integrante do processo para pagamento do procedimento. Nos casos em que houver justificativa clínica para a não utilização do documento, deverá ser apresentado um relatório médico detalhado. Se a cirurgia for eletiva, o relatório médico deverá vir acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pela beneficiária, que substituirá o Partograma no processo de pagamento do procedimento.

Com o Cartão da Gestante, qualquer profissional de saúde terá conhecimento de como se deu a gestação, facilitando um melhor atendimento à mulher quando ela entrar em trabalho de parto. A Carta de Informação à Gestante contém orientações e informações para ela tenha subsídios para tomar decisões e vivenciar com tranquilidade o parto. E o Partograma é importante para casos em que, por exemplo, haja troca de médicos durante o trabalho de parto. Nele devem constar informações como se a mulher é diabética, tem hipertensão, que remédios está tomando, como estão as contrações, se há sofrimento fetal, se o parto não progride, entre outras.

As informações sobre as taxas de partos devem estar disponíveis no prazo máximo de 15 dias, contados a partir da data de solicitação. As operadoras que deixarem de prestar as informações solicitadas em cumprimento à Resolução Normativa pagarão multa de R$ 25 mil.

“Para ter acesso aos números de partos normais e de cesáreas, a beneficiária deverá solicitar à operadora, através dos canais de comunicação disponibilizados - telefone, e-mail, correspondência ou presencialmente. Os dados devem ser fornecidos por escrito e em linguagem clara”, explica Raquel Lisbôa, gerente-geral de Regulação Assistencial da ANS.

Campanha Parto é Normal – Para oferecer às beneficiárias de planos de saúde um conjunto completo de informações sobre as novas regras e envolver todo o setor nas ações de incentivo ao parto normal, a ANS também está lançando a campanha “Parto é Normal”. Todas as informações relativas à nova normativa e demais ações implementadas pela Agência, bem como dados importantes que possibilitem à gestante tomar a decisão mais adequada sobre o parto estão sendo disponibilizadas no portal da ANS, em uma área específica dedicada ao tema. Há ainda duas peças gráficas – um folder e um cartaz – que podem ser baixadas do portal, para que operadoras, prestadores e demais interessados em participar das ações ajudem a divulgar a campanha. Acesse a página aqui.

Desde 2004 a ANS vem trabalhando para promover o parto normal e reduzir o número de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. Entre as ações, se destacam a inclusão, no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, de cobertura obrigatória para parto acompanhado por enfermeira obstétrica e acompanhante (sem custos adicionais) durante pré-parto, parto e pós-parto imediato; e o Projeto Parto Adequado, que visa mudar o modelo de atenção ao parto, baseado nas melhores evidências científicas disponíveis. O projeto é desenvolvido em parceria com o hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com apoio do Ministério da Saúde.

Riscos associados à cesariana - Atualmente, o percentual de partos cesáreos na saúde suplementar é de 84,6%. A cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: o parto prematuro aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados a prematuridade.

Confira a apresentação com mais informações.
Acesse aqui a Resolução Normativa nº 368.
Tire suas dúvidas no perguntas e respostas.

Esse post faz parte de Geral e possui as seguintes tags: pré-natal,  Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),  Parto Normal,  #destaques,  cesarianas desnecessárias,  partograma,  Cartão da Gestante.

Regras para estimular o parto normal entram em vigor

Durante os nove meses de espera, a mãe sonha com o momento da chegada do bebê. Para tornar o momento do parto o mais saudável possível, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) estão desenvolvendo o Projeto Parto Adequado.
 
Com o apoio do Ministério da Saúde, a iniciativa tem o objetivo de identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal na saúde suplementar. O projeto busca qualificar os serviços de assistência no pré-parto, parto e pós-parto, favorecendo a redução de cesáreas desnecessárias e de possíveis eventos adversos decorrentes de um parto mal-assistido, seja normal ou cesariano, diminuindo, assim, riscos desnecessários para mães e bebês.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dar à luz a um bebê é um ato natural. De acordo com a instituição, se tudo estiver bem com mãe e com a criança, o parto é um processo fisiológico que requer pouca intervenção médica. A cesárea, cirurgia de médio porte, é recomendada em casos de complicações reais para a mulher e para o bebê e necessita, portanto, de indicação médica. Conforme a OMS, o índice aceitável de cesarianas fica em torno de 15%.

Atualmente, no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar. A cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade.

As operadoras de planos de saúde, sempre que solicitadas, deverão divulgar os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. Também serão obrigadas a fornecer a Carta de Informação à Gestante e o Cartão da Gestante, no qual deverá constar o registro de todo o pré-natal, e exigir que os obstetras utilizem o Partograma, documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto.

O Partograma passa a ser considerado parte integrante do processo para pagamento do procedimento. Nos casos em que houver justificativa clínica para a não utilização do documento, deverá ser apresentado um relatório médico detalhado. Se a cirurgia for eletiva, o relatório médico deverá vir acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pela gestante, que substituirá o Partograma no processo de pagamento do procedimento.

Com o Cartão da Gestante, qualquer profissional de saúde terá conhecimento de como se deu a gestação, facilitando um melhor atendimento à mulher quando ela entrar em trabalho de parto. A Carta de Informação à Gestante contém orientações e informações para que ela tenha subsídios para tomar decisões e vivenciar com tranquilidade o parto. E o Partograma é importante para casos em que, por exemplo, haja troca de médicos durante o trabalho de parto. Nele devem constar informações como se a mulher é diabética, tem hipertensão, que remédios está tomando, como estão as contrações, se há sofrimento fetal, se o parto não progride, entre outras.

42 hospitais e maternidades privados de todo o Brasil fizeram inscrição para participar do projeto-piloto. Serão trabalhados três modelos distintos de atendimento à parturiente: o parto realizado por uma equipe de plantonistas, por enfermeiras obstetras e por uma equipe de médicos que se reveza no atendimento à grávida durante o pré-natal. O hospital que participar poderá escolher, entre esses modelos, aquele que melhor se adapta à sua realidade e também propor outras estratégias a serem testadas.

Confira a lista de hospitais participantes do projeto Parto Adequado.
Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde

Unaids destaca avanços do Brasil no controle da aids

15 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV já estão sendo tratadas em todo o mundo. É o que aponta o novo relatório da Unaids, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids.

O documento mostra que a meta estabelecida pela ONU, Organização das Nações Unidas por meio dos Objetivos do Milênio de reduzir a propagação do HIV no planeta, em até 2015, foi alcançada, conforme destaca o diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.“Nesse relatório de celebração global tem varias citações do Brasil e todas as relações extremamente positivas que mostra o papel que o país teve nesta historia global, desde a implementação dos remédios genéricos que o Brasil provou que os medicamentos podiam ser mais baratos e acessíveis para todos os países pobres do mundo. Até, por exemplo, a licença compulsória do Efavirenz que mudou a história de como se negocia com a indústria farmacêutica, quando o direito do paciente, o direito humano sobrepõe ao direito comercial da empresa de colocar o preço que ela bem entende”.

O diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, destaca ainda que o relatório da Unaids mostra também o avanço do Brasil no controle da transmissão do HIV. “Nós somos um dos países que mais derrubou mortalidade por aids em todo o mundo, nós avançamos muito no controle da transmissão vertical do HIV e nós somos um país que dá um dos maiores acessos ao medicamento antirretroviral em todo o mundo. Por diversos dos indicadores que estão no relatório, o Brasil se coloca em uma posição muito privilegiada de reconhecimento do trabalho, do esforço que vem sendo feito no Brasil”.

 Para saber mais sobre as ações de prevenção e tratamento para pessoas com HIV e aids, acesse a página do departamento DST/Aids e Hepatites Virias do Ministério da Saúde.


Esse post faz parte de Geral e possui as seguintes tags: Objetivos do Milênio,  vírus HIV,  conjunto das Nações Unidas.

Acesso a serviços de saúde é foco de Pesquisa Nacional de Saúde

O segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) foi lançado na última terça-feira (2/6), na sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trazendo informações sobre o acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. O lançamento teve a presença do Ministro da Saúde, Arthur Chioro, além de pesquisadores da Fiocruz e outros colaboradores.

De acordo com o estudo, realizado em parceria com a Fiocruz, 71% dos brasileiros tem os serviços públicos de saúde como referência. São três em cada quatro brasileiros que costumam buscar atendimento médico na rede pública de saúde. Desses, 47,9% buscam a Unidade Básica de Saúde. Sobre as internações, 65,7% das pessoas internadas foram atendidas pelo SUS.

“A pesquisa mostra objetivamente que 95% da população que procura o serviço público de saúde encontra atendimento em sua primeira tentativa, então está sendo garantido acesso”, afirmou Chioro. O Ministro ressaltou que os dados foram coletados antes da implementação do Programa Mais Médicos, e que futuras coletas podem refletir o aumento do acesso às equipes de saúde.

Um dos assuntos principais desse volume da PNS é o acesso e a utilização dos serviços de saúde. Nesse sentido, estimou-se que mais da metade dos entrevistados mora em domicílios cadastrados no Programa Saúde da Família, somando 56,2%. Um terço da população (33,2%) obteve medicamentos no serviço público, sendo 21,9% via Programa Farmácia Popular.

Sobre a saúde bucal, a pesquisa revela que no Brasil a maioria dos atendimentos foram em consultórios ou clínicas particulares, 74,3%. “Esse dado não nos assusta, pois a expansão da oferta de saúde bucal é muito recente no Brasil”, comentou Chioro, que apontou que a assistência odontológica é, para o Ministério, um dos pontos estratégicos.

Acidentes e violência como problema de saúde - Outras informações levantadas pela PNS mostram que no Brasil há grande prevalência de domicílios com animais domésticos, sendo que 44,3% dos entrevistados convivem pelo menos um cão e 17,7% com um ou mais gatos. “É um número importante para políticas de vacinas e zoonoses”, informou Flávia Vinhaes Santos, do IBGE, que apresentou os números da pesquisa.

Dentre os problemas de saúde que motivam ausência no trabalho das pessoas entrevistas, o mais informado foi a gripe ou o resfriado, totalizando 7%. Além disso, 12% da população entrevistada informou ter recebido diagnóstico de dengue no ano da coleta.

Os acidentes de trânsito e a violência também foram um dos aspectos apresentados nesse volume, como fatores que impactam a qualidade de vida da população. Muitos brasileiros ainda não tem o hábito de usar o cinto de segurança no banco de trás dos veículos, 49,8%. O uso é menor nas zonas rurais e nas regiões Norte e Nordeste. Nas áreas rurais, também é alto o índice de pessoas que não usam capacetes ao utilizarem motocicletas, cerca de 20%. A pesquisa mostra que 3,1% dos brasileiros sofreram acidente de trânsito com lesão corporal naquele ano.

Sobre a violência, 3,1% das pessoas sofreu algum tipo de agressão no ano de referência. A proporção foi maior entre homens e jovens, mas entre as mulheres, preocupa que a violência tenha sido provocada por pessoa conhecida (3,1%).

“O uso do cinto de segurança melhora em todas as circunstâncias, mas de modo muito diferenciado pelas regiões. Nós temos estudos que mostram que o uso do cinto no banco da frente reduz em até 45% o risco de morte por acidente e, no banco de trás, em até 75%. Ainda é insuficiente e nós temos uma margem considerável de avanço a partir deste dado que a pesquisa nos trás”, avaliou Chioro

Saúde a partir dos próprios moradores dos domicílios brasileiros - A Pesquisa Nacional de Saúde foi um inquérito domiciliar realizado pelo Ministério da Saúde, IBGE e Fiocruz, que entrevistou uma amostra de 80 mil domicílios de todo o país. Ainda serão disponibilizados outro volume com informações adicionais e o estudo terá periodicidade de cinco em cinco anos. “Foi investigada com profundidade a questão da saúde a partir dos próprios moradores dos domicílios brasileiros e a cada etapa nós estamos aprofundando as questões que a pesquisa levanta”, afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE.

“A Fiocruz contribuiu na elaboração do projeto, desde o planejamento, com consultas a áreas técnicas do Ministério da Saúde e outros pesquisadores da área acadêmica com expertise em inquéritos, e também na definição da amostragem e do questionário. As próximas etapas deverão ter indicadores e novas análises”, informou a pesquisadora Celia Landman Szwarcwald, que coordenou o estudo no âmbito do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict/Fiocruz).

Fonte: André Bezerra / Ascom Icict

segunda-feira, 13 de abril de 2015

PERFIL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS (MG), 2003 A 2012

As causas externas podem ser classificadas como acidentais (acidentes de trânsito, quedas, etc.) e intencionais (suicídios e homicídios).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente, as causas externas são responsáveis por mais de cinco milhões de mortes em todo o mundo, representando cerca de 9% da mortalidade mundial (1).
No Brasil, como praticamente em todos os países do mundo, as causas externas destacam-se entre as principais causas de mortalidade e de morbidade, passando a figurar entre as três principais causas de morte na maioria das regiões brasileiras, colocando-se em nosso país como importante problema de saúde pública. Além da elevada freqüência com que ocorrem e de serem a principal causa de mortalidade de adolescentes e adultos jovens brasileiros, deixam milhares de pessoas incapacitadas, provocando ainda uma sobrecarga nos serviços hospitalares, principalmente os de urgência e emergência.
As causas externas representam elevado custo para a sociedade, provocando consideráveis impactos sociais e psicológicos nas vidas dos indivíduos e das famílias.

METODOLOGIA E FONTE DE DADOS

Trata-se de um estudo descritivo dos óbitos por causas externas ocorridos em pessoas residentes no município de Divinópolis – MG entre os anos 2003 a 2012.
O banco de dados utilizado foi o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), composto por informações provenientes das declarações de óbito. Os dados do SIM foram obtidos do DATASUS/Ministério da Saúde. Foram selecionados os óbitos classificados no Capítulo XX da 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), utilizando-se nas análises os óbitos por local de residência em Divinópolis.
Os dados sobre a população foram coletados do DATASUS, cuja fonte de dados é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é apresentar alguns indicadores da mortalidade por causas externas em Divinópolis (MG) no período de 2003 a 2012, com enfoque em 2012.


RESULTADOS


Analisando o período 2003-2012, verifica-se que os óbitos por causas externas ocuparam o terceiro ou o quarto lugar entre as causas de morte no município, mas sempre em lugar de destaque. No ano de 2012, ocorreram 1.203 óbitos por causas definidas de pessoas residentes em Divinópolis. Destes, 140 foram por causas externas (tabela 1).  
.
Tabela 1: Principais causas de óbitos por grupos da CID-10 - Divinópolis (MG), 2003 a 2012
Capítulo CID-10
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Doenças do ap. circulatório
344
355
389
378
320
360
388
333
336
354
Neoplasias (tumores)
149
163
170
157
158
199
242
221
234
244
Causas externas
94
123
106
100
110
89
118
113
146
140
Doenças do ap. respiratório
121
108
120
119
122
114
133
133
107
120
Doenças endócrinas nutr. e metabólicas
58
59
55
62
63
82
78
89
66
75
Doenças do ap. digestivo
44
56
56
58
75
48
64
76
72
71
Demais causas definidas
153
156
159
158
151
169
143
224
197
199
TOTAL
963
1.020
1.055
1.032
999
1.061
1.166
1.189
1.158
1.203
Fonte: SIM/MS/NEEPI
Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.
  

Analisando especificamente os óbitos por tipos de causas externas observa-se que quatro agravos ocupam lugar de destaque: os homicídios, os acidentes de trânsito, os suicídios e os afogamentos. A taxa de mortalidade por acidentes de trânsito permaneceu destacadamente na liderança das causas no período de 2003 a 2011, sendo ultrapassada em 2012 pelos homicídios (tabela 2). No período analisado, os coeficientes de mortalidade por homicídios cresceram 328%, passando de 4,6 por 100 mil habitantes em 2003 para 19,7 em 2012. Os suicídios tiveram um aumento de 57,7% comparando-se 2003 com 2012.
  
Tabela 2 - Coeficiente de mortalidade (por 100 mil hab.) segundo o tipo de causa externa de residentes em Divinópolis (MG), 2003 a 2012











Causa CID-10
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Homicídios
4,6
9,6
7,8
4,8
9,9
6,1
12,0
8,9
13,9
19,7
Acidentes Trânsito
21,1
24,3
21,5
20,2
19,8
17,3
21,3
22,1
25,6
17,4
Suicídios
5,2
9,1
7,8
9,6
5,2
10,8
7,9
8,5
3,7
8,2
Afogamentos
5,7
4,6
3,4
3,4
4,7
1,9
4,2
1,9
1,4
4,1
Quedas
2,1
4,1
2,9
3,8
2,4
1,9
1,4
3,8
4,2
2,3
Intenção indeterminada
5,2
4,6
1,0
0,5
1,4
0,5
1,9
1,4
9,3
3,7
Outros
3,6
5,1
6,9
5,3
8,5
2,3
6,0
6,6
9,8
8,7
Total
49,5
63,4
52,4
48,6
52
42,7
54,6
53
67,8
64,1
Fonte: SIM/MS/NEEPI
Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.
   
Durante o período de 2006 a 2009 homicídios e suicídios alternaram-se nas posições de segundo e terceiro lugar das causas externas de morte (gráfico 1).
   
                 Fonte: SIM/MS/NEEPI
                Nota: excluído o grupo de causas mal definidas

Analisando especificamente o ano de 2012, os óbitos por causas externas representaram 11,6% do total de óbitos por causas definidas, ficando as doenças do aparelho circulatório (29,4%) como primeira causa de morte, seguidas das neoplasias (20,3%) (gráfico 2).




                  Fonte: SIM/MS/NEEPI
                  Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.
                                  

Na tabela 3 observa-se que no ano de 2012, na faixa etária dos 5 aos 49 anos, o grupo dos acidentes e violências representou a primeira causa de morte, sendo maiores os percentuais nas faixas etárias de 15 a 19 anos e de 20 a 29 anos, equivalendo a 84,6% e 77,8%, respectivamente..
Tabela 3: Mortalidade Proporcional (%) de residentes em Divinópolis (MG) segundo principais grupos de causas e faixa etária, 2012












Grupo de causas
Faixa etária (anos)


 0-4
 5-9
 10-14
15-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 e +
Total

Doenças do ap. circulatório
2,9
0,0
0,0
0,0
0,0
11,9
21,0
26,4
33,7
36,4
37,8
29,4

Neoplasias (tumores)
-
0,0
0,0
0,0
3,7
22,0
21,0
32,7
26,8
23
13,7
20,3

Causas externas
-
50,0
50,0
84,6
77,8
44,1
22,0
5,7
3,9
2,5
4,2
11,6

Doenças do ap. respiratório
-
0,0
0,0
7,7
0,0
1,7
4,0
5,0
7,3
10,9
19,3
10,0

Doenças endócrinas
-
0,0
0,0
0,0
1,9
1,7
2,0
5,7
10,7
8,4
6,0
6,2

Doenças do ap. digestivo
-
0,0
50,0
0,0
7,4
3,4
8,0
10,7
6,3
4,2
4,8
5,9

Demais causas definidas
97,1
50,0
0,0
7,7
9,3
15,3
22,0
13,8
11,2
14,6
14,3
16,5

Total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0

Fonte: SIM/MS/NEEPI
Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.


Verificando o percentual dos óbitos segundo o tipo de causa externa vemos que os homicídios apareceram em primeiro lugar com 30,7% das mortes, em seguida vêm acidentes de trânsito (27,1%). Outro dado que nos chama a atenção é o elevado percentual de suicídios com 12,9% das causas externas (gráfico 3).



       Fonte: SIM/MS/NEEPI
       Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.



A distribuição dos óbitos por sexo e tipo de causa externa mostrou que o risco de morrer é 4,8 vezes maior entre os homens em relação às mulheres (108,1/22,3). Este risco é maior quando observadas as mortes por acidentes de trânsito, homicídios e suicídios, sendo que o risco de morte por homicídio entre os homens foi cerca de 21,6 vezes maior (38,5/1,8) em comparação às mulheres (tabela 4).
.
Tabela 4: Número absoluto, freqüência de óbitos e taxa específica de mortalidade (por 100 mil hab.) de residentes em Divinópolis (MG) por causas externas segundo o sexo, 2012












Categoria CID10
Masculino
Feminino
Total
%
Taxa
%
Taxa
%
Taxa
Acidentes de trânsito
34
29,6
32,0
4
16,0
3,6
38
27,1
17,4
Homicídios
41
35,7
38,5
2
8,0
1,8
43
30,7
19,7
Intenção indeterminada
6
5,2
5,6
2
8,0
1,8
8
5,7
3,7
Quedas
3
2,6
2,8
2
8,0
1,8
5
3,6
2,3
Suicídios
13
11,3
12,2
5
20,0
4,5
18
12,9
8,2
Afogamentos
7
6,1
6,6
2
8,0
1,8
9
6,4
4,1
Demais causas
11
9,6
10,3
8
32,0
7,1
19
13,6
8,7
Total
115
100,0
108,1
25
100,0
22,3
140
100,0
64,1
Fonte: SIM/MS/NEEPI
Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.



Com relação à idade (tabela 5) o grupo de 20 a 49 anos foi o que apresentou o maior número absoluto de óbitos por causas externas, representando 64,3% do total. A faixa etária de 20 a 29 anos teve o maior percentual (30,0%) e um coeficiente de 108,7/100.000 hab.
A faixa etária onde se verificou o maior risco de morte por causas externas foi a de 80 anos e mais com um coeficiente de 404,6/100.000 habitantes.  
Tabela 5: Número absoluto, freqüência de óbitos e taxa específica de mortalidade (por 100 mil hab.) por causas externas segundo a faixa etária e sexo, Divinópolis (MG), 2012














Faixa Etária (anos)
Masculino
Feminino
Total
%
Taxa
%
Taxa
%
Taxa
5 a 9
1
0,9
14,8
0
0,0
0,0
1
0,7
7,5
10 a 14
1
0,9
11,9
0
0,0
0,0
1
0,7
6,2
15-19
10
8,7
115,3
1
4,0
11,7
11
7,9
64,0
20-29
38
33,0
195,3
4
16,0
20,9
42
30,0
108,7
30-39
21
18,3
120,4
5
20,0
27,8
26
18,6
73,4
40-49
20
17,4
126,6
2
8,0
11,3
22
15,7
65,6
50-59
8
7,0
64,2
1
4,0
7,3
9
6,4
34,5
60-69
6
5,2
89,6
2
8,0
25,3
8
5,7
54,7
70-79
4
3,5
115,2
2
8,0
43,6
6
4,3
74,5
80 e+
6
5,2
481,5
8
32,0
361,3
14
10,0
404,6
Total
115
100,0
108,1
25
100,0
22,3
140
100,0
64,1
Fonte: SIM/MS/NEEPI

Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.




A distribuição dos óbitos segundo o tipo de causa e a faixa etária (gráfico 4) mostra significativo número de mortes por homicídios no grupo de idade de 15 a 49 anos, concentrando-se na faixa de 20 a 29 anos. O número de óbitos por acidentes de trânsito atinge seu auge na faixa etária de 20 a 39 anos, enquanto a mortalidade por suicídios foi maior na faixa etária de 30 a 49 anos
 

Fonte: SIM/MS/NEEPI
Nota: excluído o grupo de causas mal definidas.


DISCUSSÃO

Em Divinópolis (MG), os homicídios, acidentes de trânsito e suicídios representaram as principais causas entre os óbitos por causas externas no período analisado. Alguns estudos relacionam o aumento do número de homicídios ao agravamento das desigualdades sociais, posse ilegal de armas e ao tráfico de drogas (2, 3, 4). O incremento da mortalidade por acidentes de trânsito pode ser explicado pela ampliação da frota de veículos (principalmente motocicletas para uso particular e transporte de passageiros), condições de sinalização e estado de conservação das vias públicas e ainda o descumprimento das Leis de Trânsito (direção sob efeito de álcool, excesso de velocidade, inexperiência e/ou imprudência de motoristas, não uso de equipamentos de segurança) (2,5). Quanto ao suicídio, há fatores fortemente associados a ele como: tentativas anteriores de suicídio, ausência de apoio social, eventos estressantes e características sociodemográficas, tais como desemprego e pobreza (6). Vale ressaltar a divergência de achados na distribuição dos óbitos por homicídios e suicídios quando se compara os dados do município com os do Brasil. Neste, a mortalidade por homicídios é nitidamente superior à referente aos suicídios, mantendo este predomínio ao longo de todo o período analisado, enquanto que no município de Divinópolis, tem-se uma alternância da posição entre essas duas causas. Este padrão de oscilação caracterizado por quedas e elevações das taxas de homicídios e suicídios num intervalo de tempo relativamente curto exigem uma investigação mais detalhada relativa às circunstâncias em que se deram os eventos no município.
O presente estudo traz evidências de que os óbitos por causas externas atingem predominantemente indivíduos jovens do sexo masculino. Em relação à idade, pesquisas apontam que a vulnerabilidade no grupo etário de 20 a 29 anos está relacionada a determinados comportamentos como a busca de emoções, o prazer em experimentar situações de risco, a impulsividade e o abuso de substâncias psicoativas (7).

CONCLUSÃO

Diante dos resultados enfatiza-se que a análise e a divulgação da tendência e magnitude do padrão de mortalidade por causas externas são elementos importantes para a compreensão do problema e o planejamento de políticas públicas que visem à modificação do atual cenário do município, considerando-se que as causas externas podem ser evitadas.
Compreender a distribuição de fenômenos como a violência letal contra adolescentes constitui um grande desafio para a elucidação do problema e para entender padrões e dinâmicas que podem ser fundamentais para o desenvolvimento de ações de prevenção.
Diversos determinantes encontram-se envolvidos no processo de causalidade das mortes por causas externas, o que exige que as medidas de prevenção também estejam voltadas para as causas que as originaram. Para tanto, faz-se necessária a união de todos os setores da sociedade, priorizando um enfoque intersetorial e integral do indivíduo (8).
Um maior aprofundamento do estudo da mortalidade por estas causas faz-se necessário visando à obtenção de um perfil mais completo da situação e, conseqüentemente, informações que permitam conhecer, além das causas dos óbitos de forma mais detalhada, as tendências, os grupos da população mais vulneráveis, sua distribuição espacial bem como apontar determinantes e abordagens preventivas diferenciadas.


 Fonte: NEEPI - Núcleo de Estudos Epidemiológicos - Divinópolis (MG), Março de 201
Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis

Núcleo de Estudos Epidemiológicos (NEEPI):
Ivanete Ferreira (Coordenadora Suplente), Maria das Graças Pequeno, Mirna de Abreu e Silva,                         Osmundo Santana Filho (Coordenador), Tânia Stark de Almeida Delgado.
Rua Minas Gerais, 900 - Centro - CEP: 35.500-007- Fone: (37) 3229-6800
E-mail: neepidiv@gmail.com

  

BIBLIOGRAFIA

  1. World Health Organization. Injuries. Geneva: WHO, 2013.

  1. Viana LA, Costa MC, Paim JS, Vieira-da-Silva LM. Social inequalities and the rise in violent deaths in Salvador, Bahia State, Brazil: 2000-2006. Cad. Saúde Publica. 2011; 27(Suppl 2): S298-308.

  1. Duarte EC, Tauil PL, Duarte E, Sousa MC, Monteiro RA. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre e homicídios em homens jovens das capitais das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, 1980-2005. Epidemiol. Serv. Saúde. 2008; 17(1): 7-20.

  1. Soares Filho AM, Souza MFM, Carvalho CG, Malta DC, Alencar AP, Silva MMA, et al. Análise da mortalidade por homicídios no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde. 2007; 16(1): 7-18.

  1. Oliveira ZC, Mota ELA, Costa MCN. Evolução dos acidentes de trânsito em um grande centro urbano, 1991-2000. Cad. Saúde Pública. 2008 fev; 24(2): 364-72.

  1. Lovisi GM, Santos AS, Legay L, Abelha L, Valencia E. Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e 2006. Rev. Bras. Psiquiatr. 2009; 31(suppl 2): S86-93.

  1. Souza MFM, Malta DC, Conceição GMS, Silva MMA, Carvalho CG, Morais-Neto OL. Análise descritiva e tendência de acidentes de transporte terrestre para políticas sociais no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, 2007; 16(1); 33-44.


  1. Andrade-relator, Fernanda Catherine Alves de et al. Mortalidade por causas externas: dimensão e distribuição na cidade do Rio de Janeiro. 2007.