domingo, 9 de setembro de 2012

Organização Mundial da Saúde alerta: A cada 40 segundos uma pessoa se suicida!


Genebra, 7 set/2012 - A cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, o que eleva para um milhão por ano o número daqueles que decidem tirar a própria vida, uma epidemia que cada vez mais se estende aos jovens, segundo denuncia a Organização Mundial da Saúde (OMS).


Na próxima segunda-feira, dia 10 de setembro, se lembra o Dia para a Prevenção do Suicídio, um fenômeno que afeta todas as regiões do mundo e todos os grupos de idade, e que é especialmente preocupante porque para cada suicídio há 20 tentativas fracassadas.

No entanto, em meio século houve uma mudança de tendência: se em 1950 60% dos suicídios eram protagonizados por pessoas com mais de 45 anos, atualmente, 55% dos que tiram a vida são mais novos que isto.

De fato, o suicídio é a terceira causa de morte entre as pessoas de 15 a 44 anos, e entre os jovens de 10 a 24 anos, mundialmente, o suicídio constitui a segunda causa de morte. Os índices de suicídios entre os jovens aumentaram tanto que em um terço dos países esta faixa de idade é considerada a de "maior risco" pela OMS.


"As causas exatas do porquê desta mudança de tendência não sabemos. É um fenômeno que afeta todos os países e que está aumentando, mas as razões principais não as conhecemos, são muitas, variadas e mudam muito de caso a caso", assinalou em entrevista à Agência Efe Alexandra Fleischmann, do departamento de Saúde Mental da OMS.

Em geral, as mulheres realizam mais tentativas de suicídios do que os homens, mas estes são mais efetivos porque usam métodos mais radicais (como armas de fogo ou pesticidas) frente ao abuso de remédios por parte das mulheres.

Os fatores que determinam uma tentativa de suicídio são múltiplos e variados - psicológicos, sociais, biológicos, culturais e ambientais -, mas, generalizando, se pode afirmar que as desordens mentais (depressão e uso desproporcional do álcool, especialmente) são um fator maior de risco na Europa e nos Estados Unidos, enquanto nos países asiáticos o impulso "representa um papel essencial".
"Por exemplo, nas zonas rurais da Ásia há um grande problema com os pesticidas. Em uma situação de desespero, os agricultores tomam impulsivamente o pesticida e morrem rapidamente", explicou Alexandra.

"Além disso, nas zonas remotas, o acesso aos estabelecimentos de saúde é muito mais difícil. Se a tentativa de suicídio é realizada em um apartamento de uma grande cidade desenvolvida, essa pessoa pode ser levada de urgência a um hospital e ser salva", acrescentou.

Com relação à América Latina, a região mantém tradicionalmente baixos níveis de suicídios, apesar de existirem grandes diferenças entre os países, como revela o 1,9 por cada 100.000 homens peruanos que tiram a própria vida, frente aos 26 por cada 100.000 dos homens uruguaios.

"Tradicionalmente as taxas na América Latina se mantiveram baixas, mas vemos a mesma tendência que no resto do mundo, ou seja, o aumento dos índices, sobretudo entre os jovens", destacou a especialista.

Embora o Brasil não tenha tradição ou cultura suicida, o Mapa da Violência/2011, divulgado no ano passado, pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça, revela que, das três causas de mortalidade violenta, os suicídios foram os que mais cresceram na década de 1998-2008: 17% tanto para a população total quanto para a jovem (com idade entre 15 e 24 anos). As outras duas causas de morte violenta são os homicídios e os acidentes de transporte.
    
Segundo o estudo, "o nível de suicídios do Brasil, em termos internacionais, pode ser considerado relativamente baixo." Com taxa de total de 4,9 suicídios em 100 mil habitantes, o país ocupa a 73ª posição entre os 100 países pesquisados. Mas na faixa de idade entre 15 e 24 anos a taxa é de 5,1 suicídios para cada 100 mil jovens. Essa taxa faz o Brasil subir para a 60ª posição, uma situação intermediária.

Índios. Sobre a população indígena não jovem e jovem, o Mapa da Violência/2011 faz este relato mais detalhado. "Estimativas realizadas a partir de dados de população da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do número de suicídios indígenas registrados pela SIM/MS, a taxa nacional de suicídios indígenas seria de 20 para cada 100 mil índios (quatro vezes a média nacional)", afirma o relatório.

"Se essa é a média nacional, a população indígena encontra-se distribuída de forma muito desigual no território. Tomando só os dois estados que registram 81% dos suicídios indígenas - Mato Grosso do Sul e Amazonas -, teríamos, pelos dados de população indígena da Funai, que o Amazonas apresenta uma taxa de 32,2 suicídios para cada 100 mil indígenas (seis vezes a média nacional) e Mato Grosso do Sul, de 166 suicídios por cada 100 mil indígenas (mais de 34 vezes a média nacional). Essas estimativas se referem à população total.".

E conclui: "Tomando especificamente a população indígena jovem, teríamos para o Amazonas uma taxa de 101 suicidas para 100 mil jovens e de 446 para Mato Grosso do Sul, índices que não têm comparação nem no contexto internacional, entre os países com taxas de suicídio consideradas trágicas. Não resta dúvida de que, neste campo, deveríamos ter condições de formular, de forma rápida e emergencial, políticas e estratégias em condições de enfrentar esse flagelo".

Veja anexo, o documentário “Suicídio no Brasil” http://vimeo.com/36487179  produzido em conjunto pela FioCruz e a VideoSaúde.

Alexandra explicou que os recentes estudos revelam que apesar dos países escandinavos continuarem tendo altas taxas de suicídios, o fenômeno se estende na Europa do Leste e, particularmente, na Ásia, "em grandes países como China e Índia, com uma grande população e com imensos problemas ligados ao desenvolvimento e à globalização".
 
Consultada sobre o aumento de suicídios relacionados à crise econômica que afeta alguns países da Europa, Alexandra afirmou que, na maioria dos casos, as pessoas que os cometeram eram previamente "vulneráveis", e a pressão só exacerbou a situação.

Perante isto, a OMS recomenda atuações multidisciplinares, como a formação do pessoal de educação e saúde, a restrição do acesso aos métodos (pistolas, pesticidas, remédios), "cuidar" da apresentação pública dos casos (evitar publicá-los na imprensa), entre outros.
 
A especialista alertou sobre o perigo que representa a falta de consciência sobre a importância do problema e o fato de que seja um tema tabu em muitas sociedades.

Fonte: Marta Hurtado (EFE)

Nenhum comentário:

Postar um comentário