terça-feira, 7 de junho de 2011

Esclarecimentos quanto ao surto causado por E. coli na Alemanha e em outros países da Europa

Esclarecimentos quanto ao surto causado por E. coli na Alemanha e em outros países da Europa

A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria encontrada naturalmente no intestino de humanos e
de animais. A maioria das cepas de E. coli são inofensivas, todavia, algumas podem causar
graves doenças transmitidas por alimentos, como é o caso da E. coli enterohemorrágica
(EHEC), que produz uma toxina denominada verotoxina ou do tipo Shiga, sendo por isso
também chamada de E. coli produtora de verotoxina (VTEC) ou E. coli produtora de toxina
Shiga (STEC).
Os principais sintomas da doença provocada pela EHEC são cólicas abdominais severas e
diarréia, podendo evoluir para diarréia sanguinolenta. Vômitos e febre também podem
ocorrer. O período de incubação, isto é, o tempo entre a transmissão e o início do
aparecimento dos sintomas varia de 3 a 8 dias, com média de 3 a 4 dias. A maioria da
população se recupera em 10 dias, mas em pessoas mais vulneráveis, a infecção pode agravar-se,
levando à Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU). A SHU é caracterizada por falência renal
aguda, anemia hemolítica e trombocitopenia.
Em 22 de maio de 2011, a Alemanha notificou o Sistema de Alerta Antecipado e Resposta da
Comunidade Européia (EWRS) relatando um aumento significativo no número de pacientes
com diarréia sanguinolenta causada por STEC e SHU.
A investigação teve início naquele país em 24 de maio e no dia 27 foi emitido o primeiro alerta
pela Rede Internacional de Autoridades em Inocuidades de Alimentos (INFOSAN) da qual a
Anvisa é ponto focal. Em 03 de junho, o Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde
emitiu atualização dos dados informando um total de 1823 casos notificados na Europa, sendo
552 de SHU (12 casos fatais) e 1115 de EHEC (6 casos fatais). Na Alemanha, há 520 casos de
SHU e 1213 de EHEC. Os demais casos foram notificados na Áustria (SHU 0, EHEC 2),
Dinamarca (SHU 7, EHEC 7), França, (SHU 0, EHEC 6), Holanda (SHU 4, EHEC 4), Noruega, (SHU
0, EHEC 1), Espanha, (SHU 1, EHEC 0), Suécia (SHU 15, EHEC 28), Suíça (SHU 0, EHEC 2), Reino
Unido (SHU 2, EHEC 1), República Tcheca (SHU 0, EHEC 1) e Estados Unidos (SHU 2, EHEC 0). A
maioria dos casos ocorridos fora da Alemanha, incluindo os dois casos ocorridos nos Estados
Unidos, está vinculado a pessoas que estiveram nesse país, especialmente na região norte.
A EHEC possui diversos sorotipos, entre eles, O157:H7, de importante relevância para a saúde
pública e O104:H4, um sorotipo raro e que está associado aos casos que vêm ocorrendo na
Europa.
A EHEC é transmitida ao homem pelo consumo de alimentos contaminados, principalmente
carne e leite crus ou mal‐cozidos. O consumo de vegetais contaminados crus também pode ser
uma rota de transmissão. Outra possibilidade é a transmissão de pessoa a pessoa, pela via
fecal‐oral. Um exemplo muito conhecido de surto causado por essa bactéria aconteceu nos
Estados Unidos e esteve relacionado ao consumo de hambúrguer mal cozido. No caso do surto
da Alemanha, ainda não foi definida a fonte de contaminação. Estudos preliminares realizados
pelas autoridades de saúde apontam três alimentos in natura como mais prováveis fontes da
contaminação: pepino, tomate e alface.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), autoridade que
fiscaliza a importação de produtos hortícolas, o Brasil não importa os três alimentos
atualmente indicados como mais prováveis fontes da contaminação. Quanto aos alimentos em
conserva importados da Europa, deve‐se esclarecer que esses alimentos não estão
comumente associados a surtos dessa natureza. Isso pode ser explicado porque a produção de
hortaliças em conserva, incluindo o pepino, combina duas medidas destinadas ao controle de
bactérias e outros microrganismos: a acidificação ‐ por meio da adição de substância ácida ou
fermentação – com pasteurização, refrigeração ou adição de conservantes. De toda forma,
vários estudos estão sendo realizadas na Europa para a identificação da fonte de
contaminação,  levando‐se em consideração que esse tipo de bactéria é raro e o perfil da
contaminação pode diferir do padrão existente.
Com base nas características atuais desse surto a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
esclarece que, no momento, não serão adotadas medidas restritivas pela referida Agência e 
que não há motivo de maior preocupação pela população brasileira. A Anvisa avalia atentamente
 a evolução do surto na Alemanha e em outros países da Europa a fim de garantir uma rápida
 resposta caso seja necessário.
A Anvisa recomenda aos viajantes que estejam se dirigindo à Alemanha, que evitem consumir
vegetais crus, em especial, pepinos, tomates e alfaces, até que a origem do surto seja
confirmada, e estejam atentos a outras recomendações das autoridades alemãs.
Outras medidas de prevenção envolvem procedimentos de higiene e de Boas Práticas de
manipulação de alimentos, como: lavagem adequada das mãos antes de preparar, servir ou
tocar os alimentos, após o uso do banheiro, após manipular alimentos crus e após contato com
animais. Além disso, pessoas que apresentarem sintomas da doença como diarréia ou vômito
não devem manipular alimentos. As frutas e vegetais devem ser lavados adequadamente,
especialmente aqueles que forem consumidos crus. Por fim, recomenda-se que os alimentos
sejam cozidos a 70°C, pois este é o único método efetivo para eliminar a EHEC de alimentos
contaminados.

Essas recomendações estão resumidas nos 5 pontos‐chave para uma alimentação segura, e
são divulgadas no site da Anvisa:
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cinco_pontos/index.htm. Também é disponibilizado um folder
para orientar sobre medidas simples que ajudam a evitar doenças transmitidas por alimentos
durante viagens, o qual é conhecido como “Guia para uma Alimentação Segura para
Viajantes”.

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